É com a cabeça no travisseiro que a mente se organiza.
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Eu não vou viver a espera de um novo amor. Não vou viver como alguém que só espera por frases doces, flores vermelhas e mãos dadas. Talvez seja hora de "deixar rolar". Não tenho medo da solidão e tampouco me assusto com o escuro da noite. Talvez seja hora de dar folga ao coração. Não por medo de se entregar, mas porque, mais cedo ou mais tarde, sempre chega a hora de andar sozinha. Trocar passos com a própria alma. Hora de tocar-se. Hora de perder tempo com as incertezas que já estão penduradas na ponta do cabelo por não mais agüentar a cela sufocante que é a mente.
Talvez essa seja a minha hora de desprender-se do que não me pertence e abusar do egoísmo. É comigo agora. Sem infratores, sem invasores, sem estranhos. Chega de fugir das feridas. Chega de tentar esquecer aquilo ou aquele que machucou. É tempo de verdades. Não as absolutas, porque ninguém aqui está querendo o que é padrão, correto ou provável. É tempo de verdades próprias. Chega de adiar, deixar pra depois do almoço. É hora de dar a cara a tapas. É hora de mergulhar nessa desorganização e perder a hora. Nada mais importa. É como se fechar pra balanço. Por mais que isso pareça e seja entediante. Mas a hora sempre chega para aquele que faz questão de emprestar o coração. Seja lá pra quem for.
Eu não sei se estou preparada mas isso não é grande coisa. Eu nunca sei. Então, que venham as verdades. Talvez seja mesmo a hora de revirar o lençol já bagunçado, se livrar de tatuagens e dar folga ao coração. Eu não tenho medo de ciladas ou buracos na estrada. Então, agora não Amor. Por enquanto deixa assim, como está. Eu preciso me desmarcar. Eu preciso ficar virgem novamente. Ainda não há espaço para você aqui. Uma vez, você me alugou e me deixou marcas e eu não me incomodei.
Eu sempre abri as portas porque te negar, Amor, nunca fez meu estilo. E você parecia que tinha lido o roteiro e sabia de cor as falas, as cenas e até as expressões faciais. Não precisava nem de ensaios. Pena que eu não estava muito a fim de seguir roteiros, regras ou dançar conforme a trilha sonora que você escolheu pra tocar. E você foi embora. Então decidi ter uma folga. Sem hora pra voltar a funcionar. E agora, parece de propósito, e você me vem em nova forma, nova embalagem e novo cheiro. Parece ter sido, mais uma vez, feito só pra mim. Pena que eu ainda não tenha zerado o meu cronômetro. Quem sabe mais tarde? Agora não.
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