4 de jan. de 2009

Curiosidade

Você também tem a sua
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Sempre tive uma estranha curiosidade que me faz querer saber. É a esposa que gasta o dinheiro em lingeries, é o marido que tem outra, é a amante apaixonada. É o mal contado, é a mentira, é a verdade.

Sempre tive uma fixação de adivinhar pra onde ele está indo ou de onde ela vem. Uma curiosidade que me faz imaginar. Mas você? Não sei. Posso saber dos seus detalhes? Senta aqui comigo. Senta no chão, a gente não precisa de formalidades. Quer um copo d'Água? Por nada. Agora começa a falar. Perdoe-me pela minha intromissão, mas de você eu quero mais.

Me fala das tuas lágrimas já secas, das tuas palavras presas, do teu sorriso acanhado. De onde vem esse cabelo bagunçado, essa barba mal feita e essa camisa desbotada? Me fala do teu quarto, da tua cama, do teu travisseiro que toda noite suporta o peso dos seus sonhos, mas , por favor, não me fale das mulheres que você já teve. Negócio fechado? negócio? Não, pensando bem, esquece essa palavra. Eu não quero saber das tuas ligações importantes, das tuas reuniões entediantes e, muito menos, do teu chefe sacana.

Eu quero saber daquele relógio quebrado, daquela camisa rasgada e daquele chiclete colado na sola do teu sapato. Me conta a história de cada um deles. Me fala do teu lápis quase acabado e do pedaço de papel amassado. O que seriam aquelas frases escritas? Te incomoda minha curiosidade? Me perdoe, mas o teu resumo nao me basta. Eu preciso dos teus mínimos detalhes.

Então, me fala daquela manhã que você não quis levantar, do dia que você perdeu o emprego, das tuas coisas empacotadas, do teu último salário. O que são aquelas panelas sujas, aquelas taças de vinho, aquelas almofadas no chão?

Eu entendo o teu jeito tímido de encontrar palavras, mas onde você vai? Senta aqui, ainda não terminou.
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