31 de mar. de 2009

Falta, que falta me faz

"Tem lugares que me lembram minha vida, por onde andei.."
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Lembranças. Tem sentimento mais angustiante que a saudade? Algo mais sufocante do que a sensação de saber que o passado não volta e que a cada dia tudo muda? Algo mais incômodo do que a sensação de lembrar de pessoas que passaram pela nossa vida e que hoje você não sabe nem a cor atual do cabelo?

A idéia de voltar a lugares que te fizeram abraçar o mundo por amar e te fizeram dar gargalhadas com amigos, os quais você acreditou ser para sempre e que hoje só se resumem em fotos, é frustrante. É complicado quando o coração só se traduz em lembranças. Lembranças de pessoas que, talvez, nunca mais apareça na sua frente ou que você só terá notícias quando esse seu amigo, que juntos tantas emoções foram compartilhadas, morrer. E que nada mais poderá ser resgatado. Triste né?!

Lembranças de risadas inocentes de uma época ingênua e descompromissada. Lembranças de lugares que hoje não existem mais e que te fazem lutar para que a imagem não suma entre as inúmeras recordações que há no peito. O colégio.O cachorro-quente. A faculdade. As unhas num vermelho aberto. Nada disso volta, não nas mesmas condições. Não estou aqui numa tentativa de lhes dar o conselho: "Aproveite enquanto tem!" Essa não é a questão. Ah! se fosse. Aproveitando ou não, a saudade ainda dói. Digo até que quanto mais o momento seja aproveitado, maior é a saudade. Se é que é possível medí-la.

A questão é que o tempo passa muito rápido. Corre como numa fórmula I. E a gente nunca tá preparado para as mudanças. Para as despedidas. Quantas vezes você não desejou, com todas as forças, que sua vida continuasse do mesmo jeitinho, com as mesmas pessoas? Tudo isso pelo medo de perdê-las? Ter novas amizades é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o! O ruim é sentir que seu mundo está caminhando numa direção e seus antigos amigos estão seguindo por outra. O ruim é saber que a partir de agora, tudo vai ser diferente. E que agora as cobranças são outras, os objetivos são diferentes de quando a única coisa que importava era conseguir reunir t -o-d-o-s os seus amigos para uma tarde de cinema, imagem e ação e gargalhadas.

Hoje, o importante é conseguir permanecer no emprego, se refugiar em outra pessoa para não se tornar um solitário sufocado de desejos e saudade. Por que, às vezes, numa época da vida, os amigos somem. É só a esposa, os filhos, e a renda mensal no fim do mês. Tem gente que se esquece dos amigos com uma frieza inigualável . Mas não os culpo. É necessário trabalhar muito e não ter tempo suficiente para "bobagens". Bobagens que nos faziam tão bem e nos fizeram aprender tanto. Mas é assim que tudo acontece.

Admiro aqueles que sempre cultivam os amigos. Apesar da falta de tempo, sempre conseguem dar um minuto de atenção um ao outro. Eu me sinto em falha com alguns "antigos amigos". E peço, humildemente, perdão. Só o que me resta agora, é o gosto amargo da saudade e o desejo incontrolável de correr atrás. Correr atrás daqueles que eu, na minha frieza, abandonei. Aqueles que tanto me fizeram sorrir um riso feliz. Aqueles que tanto quis proteger com medo de perdê-los. Mas, ainda não é tarde. E não vou deixar tardar. A dor angustiante da saudade não me permite tamanha crueldade.

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