Me vende um??
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"Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito..."
Insisto em dizer que meu coração é muito menor do que tudo que eu posso sentir. No meu coração, assim como fala Drummond, não cabem nem as minhas dores. Não suporta a responsabilidade de minhas paixões, dos meus desejos impossíveis. O meu coração tem uma capacidade tão pequena para tantos sonhos, tantas dores, tantas incertezas. Talvez seja por isso que eu necessite tanto de palavras ou de possíveis explicações para alimentar o que está vazio.
Eu sou feita de frases ambíguas, de versos sem rimas. E eu preciso tentar me entender. Eu preciso aprender a viver com o que me amedronta, o que me atormenta e que, ao mesmo tempo, me faz querer viver. Viver pra me entender. Viver pra me buscar. Sabe quando você acredita não precisar de mais nada, a não ser você mesma e depois de um tempo você percebe que só a sua alma não é o bastante? E que você precisa compartilhar suas dúvidas, suas incertezas por que dormir com elas está se tornando uma tarefa cada vez mais árdua e impetuosa? Sabe quando você sente que precisa de alguém que saiba entender o que ocupa a sua mente da maneira que você precisa sentir?
Não é questão de busca incansável pelo outro. É a busca que você precisa ter na ânsia de encontrar a tradução da sua alma. Que confuso. Mas é assim que acontece. Eu estou me sentindo em minha pior versão. E eu preciso que alguém de carne e osso me entenda e me faça acreditar que as mudanças podem me fazer bem. E que às vezes, o que é ruim se torna bom. E o que dói, um dia conforta de maneira que me faça feliz por ter sentido tal dor em meu peito.
Eu preciso que alguém me toque sem encostar um só dedo em mim. Eu preciso que alguém toque a minha alma. Eu necessito ser, delicadamente ou bruscamente, tocada. Mas eu insisto que uma pessoa só me faça mergulhar em verdades. Por mais doloroso que isso possa ser. Não quero mentiras. Não quero gentileza. Eu quero o real. Eu insisto em ser compreendida de maneira nua e crua. Sem exageros, sem receios. Apenas o nu e o cru da minha alma.
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