4 de fev. de 2008

Aperriada feliz

Porque o bom mesmo é sentir medo, frustração e alegria. Tudo ao mesmo tempo.
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Eu quero sentir a emoção de ver o pôr do sol todo dia, seja num fim de tarde sem muitas novidades ou num dia em que o meu riso esteja solto na boca. Eu não tenho medo da morte, eu tenho medo de não viver como deveria. Aliás, eu tenho medo dos dois.

Às vezes tenho raiva quando sei que perdi ou estou perdendo tempo com coisas fúteis. Mas aí, eu percebo que isso também faz parte. Se olhar por outro lado o que é fútil pode me gerar boas gargalhadas. A decisão de rir ou não está em mim. Porque que a gente insiste sempre em classificar o que é bom ou ruim baseada em teorias superficiais e monótonas?

O bom mesmo é viver do jeito perturbador. Não sei você, mas eu quero sentir. Eu preciso sentir, seja lá o que for. Não aguento um coração quieto, como se tivesse cansado da vida. Eu quero algo que me prenda a atenção e mexa com as minhas emoções. Eu não quero o que não é nem quente e nem frio, nem bom e nem ruim, nem forte e nem fraco. Tô cansada do lado morno da vida. Eu quero os dois, a toda hora. Sem restrições, sem ladainhas, sem sermões. Eu quero o forte e o fraco e porque não?!

Essa vida de “mais ou menos” não tem graça. Eu quero confidências fortes, eu quero segredos loucos, eu quero tapa na cara de coisas intensas. Eu quero mover o meu corpo num ritmo provocador, seja de ódio ou de paixão. Eu só não faço questão do “nem isso e nem aquilo”. É severo, mas quando menos se espera, tudo some e eu não quero pular nenhuma fase. Eu quero me permitir. Eu quero o vento forte batendo no meu rosto e sacudindo as minhas bochechas, eu quero perder o ônibus, tropeçar numa pedra e conseguir rir disso tudo. Ou não e ficar com raiva e soltar quinze palavrões se isso for possível e preciso, sem que eu me sinta criticada ou rotulada.

Eu quero ter permissão pra ficar triste e feliz no momento exato pra mim. Eu quero a água salgada do mar banhando e ressecando os meus cabelos. Eu quero sair com os amigos e voltar pra casa bem tarde, mesmo sabendo da prova no dia seguinte. Eu exijo que minha vida me faça penar, suar, brigar ou até mesmo pagar um mico daqueles, mas que ela não me faça dormir arrependida por não ter feito. Eu exijo que ela me faça sentir o bom e o ruim, tudo ao mesmo tempo, mas que ela não me venha oferecer de novo esse tal de “mais ou menos”, esse tal de "o que viver". Senão, por favor me diz, qual é a graça?

É o bastante para uma alma com fome.
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